segunda-feira, 2 de outubro de 2017

Entre Irmãs

Resultado de imagem para Entre Irmãs poster

Brasil 2017 (160')
Direção: Breno Silveira
Elenco:

Nanda Costa...Luzia
Marjorie Estiano...Emília
Julio Machado...Carcará (as Júlio Machado)
Rômulo Estrela...Degas
Letícia Colin...Lindalva
Cyria Coentro...Tia Sofia
Claudio Jaborandy...Dr. Duarte
Rita Assemany...Dona Dulce
Ângelo Antônio...Dr. Eronildes
Fábio Lago...Orelha
Lívia Falcão
Gabriel Stauffer

Sinopse:
Pernambuco, década de 1930. Luzia (Nanda Costa) e Emília (Marjorie Estiano) são irmãs que vivem na pequena Taguaritinga do Norte, ao lado da tia Sofia (Cyria Coentro), que lhes ensinou o ofício de costureira. Enquanto Emília sonha em se mudar para a cidade grande, Luzia se conforma com a realidade ao mesmo tempo em que lida com as dificuldades de ter um braço atrofiado, por ter caído de uma árvore quando criança. A vida destas três mulheres muda por completo quando o cangaceiro Carcará (Júlio Machado) cruza seu caminho, obrigando-as a costurar para o bando que lidera.

02/10/2017
Cinemark Cidade de SP 2 (cabine)
««««

Comentário:
'Entre Irmãs' é um filme feminino. Um épico folhetinesco, com romances e dramas exarcebados, que talvez nas mãos de um realizador menos talentoso, poderia soar como melodrama.
Mas o diretor Breno Silveira é habilidoso e consegue construir uma estrutura crível, graças a uma conjunção de fatores favoráveis. 
O livro de Frances Peebles, "A Costureira e o Cangaceiro", é baseado em longa pesquisa de fatos e hábitos do Recife dos anos 1930, onde as mudanças do mundo moderno e urbano colidiam com a rudeza do sertão, de forma ainda mais contundente que hoje em dia. Simbólica é a bela cena da passagem do dirigível Graf Zeppelin pela capital.
O roteiro de Patrícia Andrade dá vozes mais contemporâneas às personagens, tornando os dramas mais compreensíveis pelas plateias atuais, ainda que pareçam um pouco deslocados. Não faltam exemplos de diálogos que ficariam perfeitamente bem no nosso século.
O elenco é outro grande acerto, todos estão excelentes, a começar pelas irmãs.
Nanda Costa constrói brilhantemente sua Luzia a partir de uma deficiência física, que a limita e tira a confiança, mas não esmaece sua forte personalidade. Sua interpretação vai do carinhoso ao visceral sem escalas.
Marjorie Estiano tem em Emília uma personagem mais rica em contrastes, mas de construção essencialmente contemporânea. Especialista em moda, compreensiva com as sexualidades, com certa independência emocional, predicados aparentemente incompatíveis para uma moça criada no sertão do começo do século 20. Mas, talvez até por isso, facilita a identificação com o espectador.
Todos os personagens secundários têm tempo de desenvolver suas histórias. Não há personalidades unidimensionais, todos apresentam várias camadas. Júlio Machado, o cangaceiro idealista; Letícia Colin, a socialite sofisticada e além do seu tempo; Cyria Coentro, a tia sábia; Rômulo Estrela, o marido enrustido e Claudio Jaborandy, o sogro de ideias racistas.  
Tecnicamente o filme é irrepreensível. Fotografia, direção de arte, figurinos, som estão muito acima da média. 
Especialista em tear-jerkers, Silveira sabe usar a música - de Gabriel Ferreira - a favor da emoção e apertar os botões certos para nos encurralar até as inevitáveis lágrimas em vários momentos. Fez bem em não apressar o passo para reduzir as quase três horas de duração, necessários para o desenvolvimento correto de tantas tramas concomitantes.
Este é um filme que já nasce clássico e merece ser adotado pelo grande público. Quem assistir não vai se arrepender da viagem.

Nenhum comentário:

Postar um comentário